Ainda faz sentido falar em gestão de RH?

 

Apesar de não preconizar o fim dos DRH entre os quais se contam, aliás, vários amigos e amigas, creio que é uma função que irá ser alvo de uma enorme transformação nos próximos anos.

 

Já lá vão os tempos em que os DRH tinham como principal função a mera gestão administrativa de salários, férias e faltas ou as chamadas “relações laborais” que incluíam árduas e longas negociações com sindicatos. Seguiu-se uma época em que, a estas funções, foram acrescidas áreas relacionadas com o desenvolvimento profissional, as carreiras, bem como a atração, gestão e retenção de talento. É também dessa época que surgem os conceitos de EVP em que o “E” serve tanto para “Employer” como para “Employee”. Mais recentemente, têm surgido novas áreas de intervenção das direções de recursos humanos como a promoção da saúde e bem-estar através, entre outras, de campanhas de combate ao tabagismo ou workshops sobre alimentação saudável, entre muitas outras.


A questão que agora se coloca é bem mais ampla. Ainda faz sentido falar em “Recursos Humanos”? E é possível assegurar uma “Gestão” desses recursos?


Desde logo é evidente (embora por vezes não pareça!) e comummente aceite que as organizações, quer sejam empresas ou não, são locais onde trabalham PESSOAS e não RECURSOS. Com a aceleração dos processos de automação, digitalização e IA não é certo que assim será num futuro próximo, mas para já ainda não fomos substituídos em larga escala por robots. Trata-se, pois, de gerir pessoas e não recursos.


Pode parecer uma mera questão de semântica mas é muito mais do que isso. Quando se fala de “Pessoa” e não de “Recurso” o nosso foco passa a ser o indivíduo na sua singularidade com a sua formação e o seu percurso, com as suas ambições e expectativas, com os seus medos e desconfortos… Cada pessoa, ao contrário do “recurso”, tem as suas próprias características que, para além de inalienáveis, não se podem clonar.


A empresa passará a ser um somatório de todas as pessoas que nela trabalham com as suas diferenças e idiossincrasias.


Nesta nova realidade, o termo gestão também terá que ser (re) visto. A Gestão de Pessoas deixará de estar centrada num serviço ou num departamento (a Direção de Recursos Humanos, ou mesmo a Direção de Pessoas, como já se começa a ouvir) para ser algo que fica disseminado na organização e que será função de todos os stakeholders. Cada pessoa terá que saber encontrar a forma como se relaciona com os seus colegas, como gere a sua carreira, como administra a sua compensação e benefícios, como aloca o tempo para a formação e desenvolvimento pessoal.


Quer isto dizer que vamos assistir ao fim dos DRH? Não! Vamos, sim, assistir a uma refundação dessa função no sentido de a elevar a um patamar superior e a uma maior centralidade dentro de cada organização.


No futuro, cada vez mais organizações assistirão ao surgimento de “People & Culture Managers” que poderão, ou não, estar integrados nas estruturas mais ou menos formais de “RH” e que actuarão como uma espécie de “Provedores das Pessoas” e “Embaixadores da Mudança” em áreas como:

 

  1. A Cultura Organizacional (identificação dos valores-chave e comuns à organização como sejam a diversidade, a proximidade, o respeito pelo indivíduo ou a flexibilidade);
  2. A Liderança (inspiracional, responsável, próxima);
  3. O Talento (atração dos melhores, mas também a retenção e o desenvolvimento do potencial interno);
  4. O desenvolvimento (dos skills necessários para o negócio de forma prospectiva);
  5. O bem-estar (com vista a um equilíbrio harmonioso e saudável de cada indivíduo).

Os People & Culture Managers não terão a seu cargo a “Gestão de Recursos Humanos”, nem sequer de pessoas, mas terão um papel absolutamente crítico na compreensão do indivíduo e na forma como as organizações devem promover culturas que respondam, como dizia no início, à sua formação, ao seu percurso, às suas ambições e expectativas, aos seus medos e desconfortos.


Nós, na Mercer Portugal, já começámos este caminho. Alguém se quer juntar?

 






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