Com o encerramento temporário do campeonato de futebol (que está quase a regressar), passámos todos de treinadores de bancada a cientistas esforçados. O empenho é (quase) o mesmo, apenas substituímos a adrenalina das jogadas, das faltas e dos golos, pela ansiedade de perceber se estamos a achatar a curva ou qual o impacto do desconfinamento sobre a mesma. Mas qual a relação das organizações com o futebol ou com a curva? Com o futebol a relação é ténue (observação politicamente correta), mas com a curva a relação existe e deve ser concertada.
O vírus foi avançando seguindo o rasto do sol, de Este para Oeste. No Ocidente olhávamos com sobranceria para o que estava a acontecer lá longe. Uma distopia tornada realidade. Algo a que a nós, uma Europa culta e democrática, nunca chegaria. Mas chegou. Consternados e desorientados reagimos, procurando aprender com quem, lá longe, já estava a conseguir achatar a curva. Depois de semanas dolorosas a Europa conseguiu fazer frente à primeira vaga do vírus e este lá avançou, levando o caos a outros continentes. No meio de muitas incertezas sabemos que o vírus evolui numa curva, onde depois do crescimento exponencial da primeira fase se passa para um planalto e por fim, (no final da última vaga), para uma redução até níveis pouco significativos.
Face a esta evolução da curva, é possível desenhar uma estratégia organizacional de resposta à Covid-19. Na Mercer, ao operarmos a nível global, temos a vantagem de acompanhar clientes que se encontram em fases distintas da curva, de conhecer os seus desafios e de os aconselhar nas melhores respostas a cada momento. Por isso criámos a estratégia dos 3R’s.
Na fase inicial da incidência do vírus, a palavra de ordem é “Responder”. Responder à quebra abrupta das receitas, eliminado custos não essenciais; garantir a continuidade da operação, repensando a configuração do trabalho; implementar um plano de comunicação contínuo e tranquilizador, para que os colaboradores se sintam acompanhados; apoiar os managers, capacitando-os para liderar em contextos de crise; e reforçar a cobertura dos benefícios de saúde.
Quando a curva se apresenta num planalto, e porque a economia não pode esperar, é o momento de “Regressar”. Mas regressar impõe novos desafios às organizações. Ainda se navega em águas de muita incerteza e o foco é mais tático e de curto prazo. É preciso desenhar o plano de regresso dos colaboradores garantindo segurança; reajustar a estrutura organizacional e equipas, apostando nas áreas de maior crescimento; redesenhar objetivos, KPI’s e planos de incentivo com novos drivers de crescimento; ouvir os colaboradores para melhor planear e promover o desenvolvimento de competências, associadas entre outras, à gestão emocional e a um growth mindset.
Por último, com a redução da incidência do vírus, é o momento de “Reinventar”. (As empresas de setores menos expostos ou que apresentem melhor performance na resposta à crise, conseguem entrar nesta fase mais cedo). O mundo mudou e as empresas terão de se preparar para operar sob um novo paradigma. Se existe uma certeza, é que a pandemia acelerou a digitalização dos mercados e alterou as preferências dos consumidores. As organizações terão de reinventar o seu modelo de negócio para garantir relevância no futuro. Mas sobre isto, porque o tema merece uma reflexão profunda, discutiremos num próximo artigo. Até lá, preparemo-nos para a reabertura do campeonato de futebol, que a todos fará bem as suas emoções positivas.
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