A tendência de custos médicos* tem crescido cerca de 3 vezes superior à inflação geral nos últimos anos. Esta é uma das conclusões do survey Health Trends 2020 da Mercer. Este ano há um novo fator, a pandemia COVID-19. Para as empresas e organizações, enquanto patrocinadores de planos de benefícios de saúde para colaboradores, o impacto da pandemia no custo variou com base em fatores como a natureza das despesas normalmente cobertas pelos planos, a duração ou escala dos confinamentos, que afetam a utilização e fatores do lado da oferta, como consolidação de fornecedores e preços.
Embora grande parte da estória inclua dados geográficos específicos de impacto na utilização do plano, uma grande parte da história permanece por escrever. Para aqueles que gerem planos de benefícios, será vital entender como os diferentes cenários COVID-19 impactarão a relevância e sustentabilidade dos benefícios de saúde, bem como a curto prazo, o planeamento de orçamentos.
O que é mais certo, porém, é que uma visão mais ampla da saúde é necessária - isto é, além do seguro ou sistemas de saúde - e que a comunidade de benefícios sociais deve:
Entre junho e julho recolhemos a opinião de 240 seguradoras de 56 países, para ajudar a compreender os fatores que influenciam a evolução do custo com saúde. Esperamos ver um aumento do custo médico em 2020, apesar da taxa de crescimento (2% Portugal vs 7,5% Europa vs 9,5% Global) moderadamente atenuada pelo adiamento e cancelamento de cuidados médicos durante a pandemia COVID-19. A tendência deve ser vista a longo prazo, o custo vai retomar o padrão de crescimento em 2021, à medida que os utentes dos planos de saúde regressarem aos seus tratamentos.
Além da análise qualitativa do nosso estudo MMB Health Trends 2020 com base no input do setor segurador, o nosso estudo destaca 4 grandes temas que influenciam a forma como as empresas se estão a preparar para o mundo pós-pandemia e como estão a desenvolver os seus planos de saúde para colaboradores:
Incerteza de sinistralidade
Não há uma bola de cristal para prever a evolução do custo em ambiente de volatilidade. A pandemia tem um impacto conjetural de contração de utilização, resultante do adiamento de cuidados de saúde, porém há um efeito ressalto que já se faz sentir, com o retomar de tratamentos e agravamento de estados de saúde por falta de cuidados atempados.
Controlo de custo e gestão de risco
Vai muito além da negociação do preço do seguro. O desenho dos planos cada vez mais terá em conta os fatores que influenciam o estado de saúde, decisões com base em indicadores como a produtividade e engagement, bem como opções de financiamento dos planos.
Corrida para benefícios de verdade
Os benefícios têm que trazer valor à organização e às suas pessoas, com acesso para todos aos cuidados de saúde, opções para escolha individual em função das necessidades de cada um e inovação através de serviços digitais health on demand e saúde mental, que já ocupa o terceiro lugar, em termos de risco mais significativo com impacto no custo dos planos.
Perspetivas para 2021
Quase dois terços das seguradoras, a nível global, esperam que as taxas de tendência médica sejam mais altas em 2021 do que em 2020 e concordamos que este é um cenário realista.
Acreditamos que há uma série de fatores que sustentam esta expetativa:
Um Mundo de desafios requer uma mentalidade desafiadora
Disrupção como forma de equilibrar empatia com economia. O seguro é a base dos benefícios das empresas, porém estas devem pensar de forma holística e considerar todo o ecossistema de outras soluções como o SNS, saúde ocupacional, serviços internos, programas de regresso ao trabalho e recursos de bem-estar. A prática de mercado deve ser questionada porque o racional para os benefícios está a mudar.
*A tendência de custos médicos (medical trend) corresponde à variação per capita de do custo devido a inflação médica, alterações nos padrões de utilização e outros fatores como mudanças na regulação.